Hoje em dia, muitos dos profissionais mais bem pagos ao redor do mundo são apresentadores, atores e atletas. O que eles têm em comum e por que os valorizamos tanto? Eu acredito que lhes pagamos para que se expressem em nosso nome.
Nós nos sentimos inspirados quando atores cantam na chuva. Pulamos de alegria quando os atletas voam no ar e conquistam medalhas olímpicas. Adoramos quando essas pessoas expressam nossos, sonhos, esperanças e fantasias.
Somos muito reprimidos e, como nem sempre conseguimos demonstrar o que sentimos, idolatramos que saber fazer isso. Quando Elvis remexia os quadris e enlouquecia o publico ao som do rock’n’roll, estava dizendo: “Cara, a música toma conta de mim.” As pessoas da platéia desmaiavam porque queriam que o rock tomassem conta delas também. E Elvis lhes dava o aval de que necessitavam.
Quando os jogadores de futebol estão disputando uma partida, correndo e driblando os adversários para fazer um gol, sentimos como se estivéssemos em campo, suando também. É como experimentássemos a força deles em nossos músculos e veias.
Quando o galã dá um beijo cinematográfico na mocinha ou quando o mágico faz tigres desaparecerem no palco, somos rapidamente arrebatados pela fantasia. Como esses entretenimentos nos deixam extasiados e maravilhados, não nos importamos de pagar caro por isso.
Uma amiga minha trabalhava em um centro de recuperação de menores infratores. Ela lida com adolescentes ligados ao tráfico de drogas e ás gangues. São jovens que não hesitam em tirar a vida de outras pessoas. Minha amiga está desenvolvendo um programa para ajudá-los a se expressar melhor. “Eles parecem conhecer apenas duas emoções: raiva e lealdade”, diz ela “Estou tentando ensinar-lhes que existe todo um espectro de emoções de podem vivenciar, não apenas vermelho e preto”.
Essa amiga percebeu a dificuldade de expressão desses menores quando orientava um rapaz chamado Jimmy, que vivia enchendo a boca para dizer o quanto estava furioso. “Você está com raiva ou apenas desapontado?”, perguntou ela, mostrando-lhe um quadro onde listara uma serie de sentimentos. “Olhe para o quadro e seja específico.” Ele pensou por um longo tempo e, depois, apontou lentamente para a palavra desapontado. Talvez a incapacidade de identificar e expressar emoções básicas seja uma grande causa de violência.
Os incríveis sentidos que Deus nos deu não têm o menor valor se os entorpecemos com álcool ou drogas. Orquestras de emoções são reprimidas quando murmuramos “Ah, sim” ou “Não tem problema”, deixando de manifestar o que realmente estamos sentindo.
Se continuarmos simplesmente pintando de preto e branco as paredes pichadas pelas gangues, nunca compreenderemos o que esses jovens estão querendo dizer. Qual a vantagem de tentar ocultar os sentimentos? No final, eles sempre virão a tona.
Jesus expressava-se em voz alta e com freqüência. Ele dava mensagens claras sobre como se sentia em relação a situações e ás pessoas. Ele sabia o que sentia e manifestava suas emoções.
O evangelho de Marcos conta uma história sobre um menino que estava dominado por um espírito surdo-mudo que o fazia espumar, rilhar os dentes e até mesmo lançar-se ao fogo. O pai do garoto pediu a Jesus: “Se o senhor pode, então nos ajude. Tenha pena de nós.” Então Jesus respondeu: “Se eu posso? Tudo é possível para quem tem fé.” E, diante da multidão, ele censurou o espírito surdo-mudo, que saiu do jovem, deixando-o inerte como se estivesse morto. Em seguida, Jesus tomou o menino pela mão e ele se levantou ( Marcos 9:17-27).
Reflita comigo um instante sobre essa história: o espírito surdo-mudo que o dominava era tão doloroso que fazia com que o menino se lançasse no fogo. Não parece o mesmo espírito que ataca nossos jovens hoje em dia? A violência só faz aumentar, e o uso de drogas e álcool é uma preocupação constante para pais e mães.
Talvez nossa juventude esteja “se lançando ao fogo” devido á incapacidade da sociedade em ouvi-la e ajudá-la a expressar seus verdadeiros sentimentos. Talvez nossa surdez e mudez espirituais sejam o demônio que está provocando danos ao futuro de nossos filhos e ao nosso próprio futuro.
Jesus sabia expressar e ajudava aos outros a fazerem o mesmo.
Laurie Beth Jones
Trecho do livro: Jesus, o maior líder que já existiu
